Carteira de Trabalho

A Flexibilidade e Rigidez da Alteração Contratual no Direito Trabalhista Brasileiro

Introdução: O Direito do Trabalho e a Proteção do Trabalhador

Inicialmente, é crucial esclarecer que a legislação trabalhista brasileira, que engloba tanto a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) como súmulas e decisões judiciais, visa principalmente proteger os direitos do trabalhador e desmitificar alteração contratual no Direito Trabalhista. Este objetivo surge do reconhecimento da relação assimétrica de poder entre empregado e empregador. Em seguida, vamos adentrar especificamente no Art. 468 da CLT, que versa sobre a alteração de contratos de trabalho.

Artigo 468 da CLT: Alteração Contratual no Direito Trabalhista

O Art. 468 estipula que alterações contratuais só são permitidas por mútuo consentimento e se não prejudicarem o trabalhador. Essa garantia visa impedir que o empregador imponha unilateralmente condições de trabalho menos favoráveis. Além disso, deve-se considerar também que qualquer cláusula que viole essa garantia é nula.

Exceções ao Artigo 468: A Reversão ao Cargo e a Proteção Salarial

No entanto, é importante enfatizar que esse artigo também prevê exceções. Por exemplo, a determinação do empregador para que o empregado reverta ao cargo efetivo anteriormente ocupado, abandonando o exercício de função de confiança, não é considerada uma alteração unilateral. O mesmo artigo esclarece que tal reversão não assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função.

Ademais, vale mencionar o Art. 7º da CLT que, entre outros direitos, estabelece a irredutibilidade do salário, exceto se estipulado em convenção ou acordo coletivo. Dessa forma, a lei garante a proteção salarial do trabalhador, evitando qualquer redução unilateral ou arbitrária por parte do empregador.

Liberdade Contratual e Limitações: O Artigo 444 da CLT

No âmbito da liberdade contratual, o Art. 444 da CLT admite a livre estipulação das partes em tudo que não contravenha as disposições de proteção ao trabalho, contratos coletivos aplicáveis e decisões das autoridades competentes. Esse artigo ressalta a importância do equilíbrio entre a autonomia das partes e a proteção dos direitos trabalhistas. No entanto, cabe destacar que tal liberdade tem um alcance limitado, especialmente para aqueles que possuem diploma de nível superior e salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

Súmulas do STF e do TST: Reforço à Proteção do Trabalhador

Complementando a análise, a Súmula 209 do STF defende que o salário-produção e outras modalidades de salário-prêmio não podem ser suprimidos unilateralmente pelo empregador, se pagos com habitualidade. Isto é, o empregador não pode decidir por sua própria vontade cessar o pagamento destes adicionais se eles são uma prática recorrente.

Por fim, a Súmula nº 51 do TST estabelece que as cláusulas regulamentares que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente só afetam os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. Neste sentido, o trabalhador que opta por um regulamento renuncia às regras do outro, se ambos coexistem na empresa.

O Artigo 9º da CLT: A Eficácia dos Direitos Trabalhistas

De forma semelhante, se estabelece o Art. 9º da CLT, que anula atos realizados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na CLT. Essa disposição ressalta o compromisso legal de assegurar a eficácia dos direitos trabalhistas.

Conclusão: O Equilíbrio entre Flexibilidade e Rigidez

Em resumo, ao examinar o Art. 468 da CLT e normas correlatas, percebe-se a busca por um equilíbrio entre a flexibilidade necessária para a gestão empresarial e a rigidez requerida para a proteção dos direitos dos trabalhadores. Nesse sentido, a legislação permite alterações contratuais, desde que não resultem em prejuízos ao trabalhador e sejam consentidas por ambas as partes.

Em conclusão, o estudo da alteração de contratos de trabalho reafirma a importância de um Direito do Trabalho equilibrado e eficaz, que atenda às necessidades das empresas sem perder de vista a proteção dos direitos dos trabalhadores, para saber mais entre visite.

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